domingo, 6 de maio de 2007

... para Mãe

Infância

Não minha mãe. Não era ali que estava.
Talvez noutra gaveta. Noutro quarto.
Talvez dentro de mim que me apertava
contra as paredes do teu sexo-parto.

A porta que entretanto atravessava
talhada no teu ventre de alabastro
abria-se fechava dilatava.
Agora sei: dali nunca mais parto.

Não minha mãe. Também não era a sala
nem nenhum dos retratos de família
nem a brisa que a vida já não tem.

Talvez a tua voz que ainda me fala ...
... o meu berço enfeitado a buganvília ...
Tenho tantas saudades, minha mãe!

ARY DOS SANTOS, José Carlos, Obra Poética, Edições Avante

2 comentários:

Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) disse...

Las saudades de la madre son las mejores saudades porque a través de ellas canalizamos el deseo de volver a fundirnos en ella. El encuentro más dulce.

Un beso amiga Dulce.

poetaeusou . . . disse...

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