Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
Porquê jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Porquê o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner, "Dia do Mar", Caminho, p. 82
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2 comentários:
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AUSÊNCIA
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
,
in)Sophia de Mello Breyner
*
Ai... sabes, ouvi alguém dizer que todos nós somos importantes, que todos nós somos deuses porque somos feitos à sua semelhança. E que mesmo os agnósticos, no fundo, acreditam em "algo". E por mais que a luz ao fundo do tunel seja um comboio a vir na nossa direcção, conseguimos sempre, de uma maneira ou de outra, evitá-lo, contornar os obstáculos. Sobreviver. Viver!
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