Aponto o dedo para a Lua,
e a luz branca escorre, lenta,
pelo escuro.
No Tejo uma falua,
desgarrada,
que, condenada,
foge do próprio futuro.
Nem uma nuvem tolda o meu presente,
que desliza, inconsciente,
para o nada.
O silêncio é a verdade nua e crua.
Algures, morre o passado,
e eu estou ausente.
Com o dedo apontado para a Lua.
Manuel FIlipe, "Tempo de Cinza", Editora Apenas, p. 51
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*
ARDEM LUMES
,
ardem lumes
no segredo,
em cardumes
nada o medo,
há queixumes
sem pousio,
queima o frio
de tantos gumes
*
Manuel FIlipe, "Tempo de Cinza", Editora Apenas, p. 58
*
ji
*
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