sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Folhas de Outono

Adormeço
No fundo de um poema
Ainda por fazer
Convoco a memória
E os sentidos
Na procura de tudo
Que se esconde na noite
Mas o silêncio perdura
As palavras fogem de mim
Como folhas de Outono
E desaparecem
Na sombra
De forma indolor

Mas tu já sabes a cor
Do meu silêncio,
As palavras
Que não escrevo,
Aquelas que não digo,
E que clandestinas
Vão pousar
Suavemente
Nos teus lábios ...

OLIVEIRA, Albino Santos, "Gotas de Luz", Ed. Xerazade, p. 45

Um comentário:

poetaeusou . . . disse...

*
Quando a noite se torna mais escura
Como tela sombria a negro impressa
Venha o sonho que vier, tem mais altura
A sombra em que às vezes se tropeça.
E a sombra teimosa e negra permanece
Tão viva, tão espessa, tão presente
Que o sonho que sonhamos só acontece
Na medida em que a sombra o consente.
Rasgue-se a noite num grito agudo
Num claro rumor que afaste os medos
Que dissipe a sombra, o negro e tudo
E o sonho voltará à ronda dos segredos.
,
in-Albino S. Oliveira
-- gotas de luz --
,
ji
*