Serenamente sem tocar nos ecos
Ergue a tua voz
E conduz cada palavra
Pelo estreito caminho.
Vive com a memória exacta
De todos os desastres
Aos deuses não perdoes os naufrágios
Nem a divisão cruel dos teus membros.
No dia puro procura um rosto puro
Um rosto voluntário que apesar
Do tempo dos suplícios e dos nojos
Enfrente a imagem límpida do mar.
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner, in "No tempo Dividido", Caminho, p. 47
(Para ti J.)
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3 comentários:
São maravilhosos estes poemas que, naturalmente, dizem muito a quem os seleccionou e a mim também.
A poesia dá-nos vida e ajuda-nos a viver.
O mar sempre presente na poesia de Sophia.
*
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.
*
in)Sophia de Mello Breyner Andresen
*
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